Aprovada por meio da Emenda Constitucional 132/2023, a reforma tributária inicia um novo capítulo na forma como as empresas brasileiras recolhem tributos sobre o consumo.
Para o setor do varejo, que lida diariamente com grande volume de vendas, margens apertadas e dependência de um sistema tributário eficiente, as mudanças têm impacto direto nas operações, na precificação de produtos e na estrutura fiscal das empresas.
Neste artigo da Ogura Contabilidade, você vai entender como a reforma afeta o varejo, quais os pontos de atenção para quem atua nesse segmento e o que sua empresa pode (e deve) fazer desde já para se preparar e evitar surpresas.
O que muda com a reforma tributária?
Índice
A principal mudança da reforma tributária sobre o consumo é a substituição de cinco tributos atuais por dois novos impostos:
Tributos atuais:
- PIS e Cofins (federais);
- ICMS (estadual);
- ISS (municipal).
Novos tributos:
- CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços (substitui PIS e COFINS);
- IBS – Imposto sobre Bens e Serviços (substitui ICMS e ISS).
Além disso, haverá o Imposto Seletivo, com aplicação restrita a produtos prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente (como cigarro, bebidas alcoólicas e combustíveis).
A reforma também estabelece o princípio do destino, ou seja, os tributos passam a ser arrecadados no local onde o bem ou serviço é consumido — e não mais no local de origem.
Cronograma de transição
A implementação será gradual, permitindo adaptação por parte das empresas e governos:
Ano | Evento |
2026 | Início da cobrança teste da CBS (0,9%) e IBS (0,1%) |
2027 | Extinção de PIS e Cofins; início da CBS com alíquota cheia |
2029 a 2032 | Transição do ICMS e ISS para o IBS |
2033 | Extinção total do ICMS e ISS; IBS entra em vigor plenamente |
Impactos práticos para o varejo
Agora que entendemos o cenário geral, vamos ao que realmente importa: como essas mudanças afetam as empresas do varejo na prática?
1. Recalculo de preços e margens de lucro
O principal ponto de atenção para varejistas será a alteração da carga tributária e do modelo de apuração, o que exige revisar toda a estrutura de precificação.
Com a adoção da CBS e do IBS:
- A alíquota total estimada gira entre 25% e 27% (somando federal, estadual e municipal);
- A base de cálculo será ampla, sem regimes cumulativos;
- O crédito será garantido em todas as etapas da cadeia, com base no valor pago na compra (modelo de crédito financeiro).
O que isso muda na prática?
Hoje, muitos varejistas estão no Simples Nacional ou em regimes que não permitem recuperar o imposto pago na compra. Com a reforma, haverá direito a crédito em todas as aquisições, o que pode reduzir o custo efetivo em algumas situações.
Por outro lado, produtos que hoje se beneficiam de isenções, reduções ou benefícios de guerra fiscal terão a carga tributária aumentada, impactando diretamente o preço de venda.
2. Atenção à substituição tributária e cumulatividade
Um dos problemas que mais afetam o varejo atualmente é o ICMS com substituição tributária (ICMS-ST). Nesse modelo, o imposto é recolhido antecipadamente pelo fornecedor, com base em uma margem estimada.
Com o novo sistema, o IBS será totalmente não cumulativo e a substituição tributária será eliminada.
Isso representa um ganho em termos de simplicidade, mas também muda:
- A forma de pagamento do imposto (passa a ser por débito e crédito);
- A necessidade de ajustar sistemas de precificação, já que não haverá mais repasse de ST no preço de custo.
3. Uniformização entre estados e fim da guerra fiscal
O novo modelo elimina a guerra fiscal entre estados e municípios, trazendo alíquotas uniformes e definidas por cada ente federativo, com cobrança no destino do consumo.
Para o varejista, isso significa:
- Fim da necessidade de abrir filiais em estados com alíquotas menores;
- Menor complexidade na logística fiscal;
- Maior segurança jurídica ao operar com diferentes regiões do país.
4. Mudanças nas obrigações acessórias e notas fiscais
Com a adoção da CBS e IBS, haverá novos modelos de documentos fiscais, e será necessário reformular sistemas de emissão de notas, escrituração e apuração.
O IBS, por exemplo, será administrado por um Conselho Federativo, com regras próprias de recolhimento e partilha da receita.
As empresas do varejo precisarão se adaptar a:
- Novas etiquetas fiscais e códigos de operação;
- Integração com os sistemas do novo fisco federal e do conselho do IBS;
- Novos layouts para notas fiscais eletrônicas.
Empresas que atuarem de forma antecipada com seus contadores e provedores de sistemas terão uma transição mais tranquila.
5. Impacto sobre o Simples Nacional
A reforma mantém o Simples Nacional, mas prevê que empresas optantes poderão migrar para a CBS e IBS em determinadas operações.
Por exemplo: um varejista optante do Simples poderá pagar os tributos unificados normalmente, mas ao realizar uma venda para um cliente contribuinte de IBS, poderá ter que destacar o imposto separadamente.
Esse novo modelo de “regime híbrido” ainda será regulamentado, mas pode gerar:
- Aumento da complexidade para pequenas empresas;
- Necessidade de atualizar sistemas;
- Redução da atratividade do Simples para varejistas com alta movimentação e compra de insumos.
6. Precificação dinâmica e reavaliação de portfólio
A nova estrutura tributária exigirá que o varejo recalcule os custos reais por produto, já que:
- As alíquotas efetivas mudarão por tipo de mercadoria;
- A apuração dos créditos será distinta da atual;
- Os incentivos fiscais serão gradualmente extintos.
Essa mudança pode tornar alguns produtos mais caros ou menos competitivos, o que exige:
- Análise do mix de produtos;
- Redefinição de políticas de preço e promoções;
- Adoção de sistemas de precificação inteligentes, com atualização em tempo real dos impostos.
Como a Ogura Contabilidade pode ajudar sua empresa a se preparar?
A Ogura Contabilidade acompanha de perto todas as atualizações da reforma tributária e oferece consultoria especializada para empresas do varejo que desejam:
✅ Simular o impacto da reforma na carga tributária;
✅ Recalcular preços com base nas alíquotas estimadas do IBS e CBS;
✅ Ajustar sistemas fiscais e processos internos;
✅ Identificar oportunidades para rever o regime tributário atual;
✅ Realizar o planejamento financeiro da transição até 2033.
Nosso objetivo é garantir que sua empresa não seja pega de surpresa e que transforme as mudanças da reforma em oportunidades de simplificação, redução de riscos e aumento da competitividade.
Conclusão
A reforma tributária representa uma mudança profunda no sistema tributário brasileiro — e o varejo será um dos setores mais impactados. Com o fim do ICMS, da substituição tributária e da guerra fiscal, o cenário será de mais transparência, mais previsibilidade e maior exigência por adaptação.
O momento é de planejar, simular e ajustar. Com a orientação certa, sua empresa poderá se adaptar com segurança, reprecificar com precisão e manter a lucratividade mesmo diante do novo modelo.
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