A reforma tributária vai mudar a forma como as empresas emitem notas fiscais, recolhem impostos e recebem os pagamentos pelos seus serviços e produtos.
Entre essas mudanças, uma das mais relevantes, e que ainda gera muitas dúvidas, é o split payment, também chamado de pagamento fatiado ou pagamento automático de tributos na fonte.
Na prática, esse mecanismo vai alterar o fluxo financeiro de grande parte das empresas brasileiras, principalmente profissionais de serviços, negócios digitais, clínicas, prestadores autônomos, e-commerces e marketplaces.
Sendo assim, o split payment não será apenas uma mudança operacional: ele exigirá controle financeiro, atualização de sistemas e planejamento tributário mais rigoroso.
Se você quer entender como o split payment vai funcionar e por que é importante se preparar desde já, este artigo foi feito para você.
O que é o split payment?
Índice
O split payment é um sistema no qual o valor do imposto devido será automaticamente separado no momento do pagamento, antes mesmo do dinheiro chegar à conta do prestador de serviço ou vendedor.
Assim, o governo recebe sua parte diretamente, sem depender do contribuinte para gerar a guia e recolher o imposto.
Sendo assim, o imposto será descontado automaticamente da venda e pago direto ao fisco, tornando o recolhimento mais rápido e dificultando a sonegação ou atrasos.
Em outras palavras:
- O cliente faz o pagamento;
- O pagamento é processado pela plataforma ou banco;
- O sistema separa o valor líquido para a empresa e o valor do tributo para o governo;
- O empresário não precisará emitir guia do imposto dessa operação — ele já estará recolhido.
Esse sistema já é adotado em alguns países da Europa e agora está chegando ao Brasil como parte da reforma tributária.
Por que essa mudança está sendo implementada?
O principal objetivo do split payment é reduzir a inadimplência tributária e simplificar a fiscalização.
Hoje, muitas empresas e profissionais recebem os valores e, só depois, emitem a guia de impostos. Isso gera atrasos, erros e até sonegação, nem sempre por má fé, mas por falta de gestão tributária.
Com o split payment, o governo passará a controlar em tempo real o recolhimento dos tributos. Além disso, essa modelagem aumenta a transparência nas transações e facilita o cruzamento de dados fiscais.
Quais tributos serão afetados?
O split payment será aplicado principalmente aos tributos da reforma tributária, ou seja:
- CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços (substitui PIS e COFINS)
- IBS – Imposto sobre Bens e Serviços (substitui ICMS e ISS)
Na prática, as empresas terão um modelo em que os impostos serão recolhidos automaticamente, sem a necessidade de emissão de guias específicas para cada operação.
Como será o processo na rotina da empresa?
Hoje, um prestador de serviços recebe o valor integral e depois emite as guias de impostos. No split payment, será diferente:
Antes da reforma (modelo atual):
- Cliente paga o valor inteiro
- Prestador recebe 100%
- Contabilidade calcula o tributo
- Empresário paga as guias separadamente
Com split payment (novo modelo):
- Cliente paga o valor
- Sistema separa automático os impostos
- Governo recebe direto sua parte
- Empresa recebe o valor líquido
Esse novo processo exigirá integração tecnológica dos sistemas de pagamento e da emissão de nota fiscal com a contabilidade, o que significa adaptar ERPs, cruzar tabelas e parametrizar operações com rigor fiscal.
Quais empresas serão mais afetadas?
É importante deixar claro: todas as empresas serão impactadas, independentemente de porte ou segmento, incluindo:
- Clínicas médicas e odontológicas
- Consultórios de psicologia
- Profissionais autônomos e liberais
- E-commerces e marketplaces
- Prestadores de serviços digitais
- Academias, salões de beleza e estúdios de estética
- Empresas de tecnologia e SaaS
- Restaurantes e delivery por aplicativo
Além disso, empresas do Simples Nacional também serão afetadas, mesmo com tributação simplificada. As plataformas de pagamento deverão se integrar aos cálculos da DAS, o que pode alterar a forma de apuração e o fluxo de caixa da empresa.
Por que essa mudança exige planejamento?
Porque o split payment muda a forma como o dinheiro entra na empresa. Ele poderá afetar:
- Fluxo de caixa
- Gestão de capital de giro
- Planejamento de precificação
- Margem de lucro
- Controle tributário
- Parametrização de sistemas de NF
- Integração com plataformas de pagamento
Sendo assim, emissão de nota fiscal e recebimento de venda serão processos 100% conectados ao pagamento do imposto.
Empresas que não se prepararem poderão ter problemas para:
- Prever quanto receberão na conta
- Organizar o fluxo financeiro mensal
- Calcular margem e precificar corretamente
- Entender os tributos embutidos nas vendas
- Separar despesas por centro de custo
- Gerenciar contratos e negociações com clientes
Por isso, se preparar com antecedência é uma postura estratégica e inteligente, não apenas obrigação fiscal.
Como se preparar para o split payment?
A transição está chegando, e quem agir antes terá uma grande vantagem. Veja como começar:
✔️ Revisar estrutura tributária e CNAE: Algumas atividades podem ter mudanças significativas nas alíquotas com a reforma.
✔️ Atualizar os sistemas de emissão de NF: ERP deve estar pronto para split payment e enquadramento automático de tributo.
✔️ Avaliar impacto financeiro do valor líquido recebido: É necessário recalcular margem e precificação.
✔️ Usar a contabilidade como parceira estratégica: Será essencial integrar contas a pagar/receber, emissão de NF e rotina contábil.
Conclusão
O split payment não é apenas uma novidade tributária é uma mudança na forma como as empresas recebem dinheiro.
Na prática, o governo ficará mais próximo das transações, o controle será mais rígido e a gestão precisará ser muito mais precisa.
Por isso, esperar a lei entrar em vigor para agir pode ser um grande erro. A transição exige consultoria especializada, análise tributária personalizada e planejamento financeiro antecipado.
Sua empresa está preparada para o split payment?
A Ogura Contabilidade já está acompanhando todos os passos da reforma tributária e ajudando empresas a se organizar antes das mudanças se tornarem obrigatórias.
Se você quer entender quanto sua empresa vai receber líquido, como ajustar fluxo de caixa, precificação, emissão de notas e apuração de impostos, chegou a hora de conversar com um especialista.






